22/05/2023 17h39 - Atualizado em 22/05/2023 17h47

Não levaram a alegria

Uma amiga voluntária, em trabalho assistencial na África, consciente da exploração de boa parte daquele continente por alguns países da Europa, fez um comentário muito interessante: “Levaram e continuam levando as riquezas materiais dos africanos, mas não levaram a alegria da maioria deles”.

Vendo isso de perto, ela disse que aprendeu que a vida pode nos causar ferimentos, tirar-nos coisas valiosas, mas ninguém poderá roubar a nossa alegria. E disse mais: “Temos de considerar que quem faz esse tipo de agressão tem problema psicológico e que não podemos permitir que pessoa desequilibrada te destrua os seus valores e ideais, e retire a suas esperanças. E concluiu: “A África tem muito a nos ensinar”.

Por trás dessa alegria, naquele território, encontra-se principalmente o desapego.

Os indianos dizem que o apego leva ao medo de perda, que por sua vez leva ao estresse.

Em minhas conversas comigo mesmo, quando estou caminhando para o estresse, percebo que, na maioria das vezes, tem a ver com risco de perda de coisas, principalmente o dinheiro.

Neste mundo com muitas mudanças rápidas, acredito que alguns dos poucos portos seguros são os valores humanos e os ideais, que pela própria natureza deveriam ser intangíveis, intocáveis em outras palavras.

Lembrando que valores humanos são as normas de conduta que uma pessoa adota em sua vida, que visam garantir uma convivência honesta e pacífica na sociedade, tais como respeito, credibilidade, simplicidade, humildade, dedicação, responsabilidade, franqueza e caridade.

Já ideais são objetivos que envolvem desejos imaginários de aspirações, tal como: o ideal é que todos os meus filhos tenham sucessos em suas buscas.

Buda afirmou que “a causa de todo sofrimento humano está no desejo e no apego”. Albert Einstein, possivelmente pensando sobre os cuidados perante o apego, sugeriu: “Se quer viver uma vida feliz, amarre-se a uma meta, não às pessoas nem às coisas”.

Considerando isso sugiro adotar algumas atitudes visando vencer o apego. São elas: investir pesado em autoconhecimento, fazendo balanço de suas ações no final do dia, visando um domínio pleno sobre si mesmo; esforçar-se em reduzir o individualismo, através de uma vigilância contínua nos pensamentos e sentimentos, bem como buscar entender o apego fazendo perguntas dos tipos por que e para que (se for o caso, buscar ajuda de um psicólogo); e desenvolver valores espirituais, através de religião, que te levam a priorizar mais a alma do que o corpo.

A vida verdadeira, plena e livre acontece quando você compreende que nada nos pertence, pois até mesmo o ar que você inspira, você tem de devolver.