09/06/2016 16h18 - Atualizado em 09/06/2016 17h35

Desde que a civilização existe, o ser humano busca melhorar a sua performance intelectual. Infelizmente, não vejo o mesmo esforço para melhorar o desempenho moral. Existe uma febre nos EUA de consumo da pílula da inteligência, um suplemento que promete fazer com que você estude a noite toda, concentrado e sem sentir sono (algumas drogas prometem 60 horas a pleno vapor). Esse tipo de pílula promete também incrementar a memória e sofisticar o raciocínio. O público alvo dessas indústrias farmacêuticas são estudantes e profissionais obcecados pelo sucesso profissional. Para início de reflexão, perguntas que vem à mente: por que precisa atravessar a noite estudando? Por que não consegue se concentrar devidamente?  Por que buscar no efeito a solução ao invés de buscar na causa? Pesquisas feitas com ratos detectaram que a privação do sono causa danos ao hipocampo, parte do cérebro que coordena o funcionamento da memória. O uso contínuo de estimulantes pode causar depressão, aumentar a ansiedade e diminuir a inteligência. Alguns estudiosos defendem que esse tipo de droga simplesmente dá um pouco mais de potência para que faça o que já se sabe. Não aumenta a habilidade. Segundo a revista Época, de 23 de setembro de 2014, um dos comprimidos mais vendido, o OptiMind, foi criado pelos americanos Lucas Siegel, de 23 anos, e Timothy West, de 21, depois da morte de um amigo de faculdade deles. O amigo abusara na quantidade de medicamentos tarja preta para eliminar o cansaço e aumentar o poder de concentração. “Essa experiência trágica nos inspirou a criar um produto seguro, sem se preocupar com riscos para a saúde”, diz West. Analisando esse histórico, fica claro que a cultura norte-americana do “vencedor e perdedor”, que gera competição individual exagerada, provoca muitas ações que tendem ao desequilíbrio. Mas o que me preocupa: como é que ficam os controles do pensamento e do sentimento do usuário, durante o efeito do medicamento?  No campo religioso, como é que fica o orar e vigiar esses pensamentos dominados? Quando o pensamento predominante for negativo, a concentração será também na negatividade? Sei também que uma das principais leis da Vida diz que para toda ação tem uma reação no sentido contrário. Exemplo: consumiu bebida alcoólica, no início vem uma felicidade artificial e depois vem a tristeza também artificial. A verdade é que ainda ninguém sabe quais serão os efeitos desses turbinadores mentais, no longo prazo.  Utilizar artifícios para ter controle mental é buscar um atalho, pois o correto é buscar o autoconhecimento, na sequência desenvolver autocontrole, para conquistar em seguida a auto-estima. Caminho esse inteligente e que demanda tempo. Fica aqui um recado: A Vida me ensinou a desconfiar de caminhos fáceis.