13/06/2018 08h11 - Atualizado em 13/06/2018 12h42

Em 1972, trabalhava como repórter e estudava no curso noturno de eletrônica, no Colégio Técnico Industrial de Bauru. Em resumo, não tinha tempo para estudar. Era um aluno regular, para não dizer meia boca. Até que numa bela noite fiz uma pergunta, em sala de aula, que não tinha nada a ver, ficando claro a todos os presentes que eu não estava estudando o quanto deveria. Os alunos, de maneira geral, fizeram tremenda zombaria. Fiquei constrangido e durante um tempo deixei de fazer perguntas, até que em outra bela noite, pedi licença para o professor e conversei com a classe. Em tom austero, expliquei que não tinha muito tempo para estudar e que continuaria a fazer perguntas ingênuas aos professores, uma vez que estava pagando por aquele curso e tinha meus direitos, e que se alguém zombasse novamente iria tomar atitude, levando o caso para a diretoria da escola. Mas, o que ocorreu depois disso? Passei a estudar de madrugada, praticamente todas as noites, após as aulas, com muito café para se manter acordado.  Dos setenta e seis estudantes que entraram nesse curso, somente dezesseis concluíram e eu estava entre eles. Essa situação de constrangimento contribuiu muito para eu estudar muito mais, tanto é que cursei engenharia, fiz pós-graduações, MBAs e ministrei aulas em pós-graduações. Só tenho de agradecer essa situação que me estimulou a estudar.  Fui “alavancado” através dessa gozação. Agora, por sua vez, tem situação que você se torna “alavanca”. Foi o que aconteceu, recentemente, quando estava em um cliente e constatei um jovem profissional lamentando o fato de ter que desmontar um grande equipamento, por causa de uma pequena mangueira danificada. Fiquei imaginando a execução daquela manutenção em um clima de desânimo e a consequente possibilidade de ocorrer um trabalho sem qualidade. Como consultor, tomei a liberdade de alertar esse profissional dizendo que agir de maneira “meia boca” atrai reação de individuo “meia boca” ao nosso redor. Em outras palavras, se ele adotasse proceder com constância como um “meia boca”, lá na frente, ao se internar em um hospital com problemas de saúde, encontraria provavelmente um médico “meia boca”. De forma categórica e incisiva disse: “Seja excelente em tudo que você faz, não só aqui na empresa, mas também em casa e na sociedade, porque o mundo dá voltas e existe sim uma “lei de ação e reação”. O jovem profissional foi receptivo. Fazendo uma análise sobre essas duas situações, tem-se a impressão de que existe um modelo organizacional no seio da vida, que traz pessoas certas, nos momentos certos, nos alertando para tomarmos o melhor caminho. Em minha vida encontrei muitas pessoas que me alavancaram na direção correta. Uma delas foi minha avó materna que, quando percebia que eu não estava bem, sempre dizia “o dia de amanhã sempre será melhor”. Eu só tenho de agradecer a Vida. Pensando bem, a Vida é bela demais.