22/08/2017 14h05 - Atualizado em 22/08/2017 14h06

Como deve ser o homem mais feliz do mundo? Não é um empresário bem sucedido. Não é um cantor famoso, muito menos um artista de Hollywood. É um monge budista francês. Matthieu Ricard, 71 anos, que bateu todos os recordes em um estudo da Universidade de Wisconsin sobre o cérebro. Em sua cabeça foram conectados 256 sensores. Surpreendentemente, seu lado esquerdo apresentou atividades não comuns, onde se concentram as sensações agradáveis, em um nível nunca visto pelos neurocientistas. Ricard, doutor em biologia molecular, que deixou sua carreira profissional nos anos setenta para abraçar o budismo tibetano, é autor do livro “O monge e o filósofo”, é assessor pessoal de Dalai Lama e conferencista. Alerta sobre os perigos da busca dos “benefícios do egoísmo”, defende o altruísmo e dá conselhos para construir uma sociedade mais feliz. Ele sugere entre outras coisas, como era de se esperar, “o equilíbrio”.

Focando nessa questão, é sabido que qualquer tipo de excesso não faz parte do equilíbrio.  Jala ad-Din Muhammad Rumi, mestre espiritual persa do século XIII, afirmava que “é veneno qualquer coisa além do que precisamos. Pode ser poder, preguiça, comida, ambição, medo, raiva ...”.

Em outras palavras, excesso é aquilo que não está sendo usado de forma útil. Pense um pouco sobre a sua vida e verifique o que você tem e não utiliza.   Exemplos é que não faltam: excessos de teoria (muito tempo nas mídias sociais e pouca prática), de notícias negativas, de críticas e de trabalho (pouco tempo com a família).

É muito comum o profissional obcecado pelo sucesso vender a paz por um pouco mais de dinheiro. Isso tem sentido? Compreendo que não é fácil. Na correria desses novos tempos a gente não consegue perceber tudo. Você só perceberá quando estiver envenenado.   Nesse caso, o menos pode valer muito mais. O ser humano tende a ser complicado de tal forma que se não existissem os cansaços físico e mental, que nos obriga a descansar, com certeza não dormiríamos jamais. Temos uma determinada queda pelo excesso, pela grandeza. Não conseguimos dimensionar o necessário. Temos dificuldades em encontrar o equilíbrio. Temos dificuldade em ser feliz.

É lógico que temos de bancar a nossa estadia durante a vida, e isso exige um determinado nível de segurança, mas a cultura do acumular tem de ser questionada, pois nos dias atuais, complexos em todos os sentidos, com mudanças grandes e rápidas, é essencial que as nossas bagagens estejam leves. Com isso, ganhamos flexibilidade para se movimentar melhor e em velocidade adequada, bem como tranquilidade e paz, que tem tudo a ver com felicidade.  Finalizando com uma pergunta: existe algum excesso que seja útil? Sim, acredito que seja o “amor”.

Pense nisso.