06/02/2018 12h43 - Atualizado em 06/02/2018 12h43

Dei-me conta de que o excesso gera paralisia quando minha esposa comentou que não gosta de acessar a provedora Netflix, para escolher um filme, pois são tantas opções que não é fácil a escolha. A indecisão a incomoda muito, uma vez que gera ansiedade.

Ao pensar em excesso me fez lembrar da existência de especialistas em mostarda, nos supermercados,  nos Estados Unidos da América, para facilitar a escolha dos clientes, considerando que na época, em 2004,  existiam por volta de mil tipos de mostardas naquele país. Mostardas com diversos temperos. Um exagero.

No início dos anos 2000, psicólogos americanos pesquisaram como reagiriam as pessoas perante muitas opções de degustação em um supermercado. Foram criadas duas situações: em um dia, foi oferecido 24 opções de geleia gourmet para quem parasse para olhar o stand de tais produtos. Quem aceitasse provar ganhava um cupom de desconto para a compra. Em outro dia, no mesmo stand, apenas seis sabores de geleia eram oferecidos. Resultado: O grande número de opções atraiu grande número de curiosos, mas que compraram menos do que no dia com menor número de alternativas. Em resumo: com menos opções o volume de vendas foi dez vezes maior.

Os cientistas denominaram esse fenômeno da vida moderna de sobrecarga cognitiva, que é quando o indivíduo demonstra incapacidade de lidar com muitas informações, tendo dificuldade de tomar uma atitude.

Pode se concluir categoricamente que o excesso, nesses casos, não faz bem. A indecisão tem a ver com receio de não escolher corretamente e perder oportunidade de ganhar. Para o indeciso quanto menos opções melhor. Como estamos escolhendo mais, devido à aceleração das mudanças, a indecisão está mais presente no dia a dia. Tudo leva a crer que no futuro teremos excessos de decisões e indecisões.  De maneira geral, sempre queremos “mais”. Sem querer generalizar, hoje que temos alguns “mais”, não estamos sabendo lidar com esses “mais”. O excesso é resultado do máximo da ambição, que traz como consequência a inibição da visão do essencial. O essencial só pode ser percebido na simplicidade. A simplicidade nada mais é do que o equilíbrio entre a escassez e abundância. Viva o equilíbrio.